Nos últimos dias, quem passou pela Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte, notou que o corpo d’água está mais sujo e o limo verde mais escuro.
Conforme o consultor independente de recursos hídricos, professor aposentado da UFMG e ex-professor da Universidade Federal de São João Del Rey, Ricardo Mota Pinto Coelho, as mudanças climáticas contribuem para isso.
“A entrada dessas frentes frias, as modificações climáticas, a queda da temperatura devido à entrada das frentes frias, causa uma piora repentina na qualidade de água. Essa piora é devido ao processo de estratificação térmica. As águas mais quentes ficam pela superfície e as águas mais frias ficam pelo fundo na região mais profunda da lagoa”, explicou.
Além disso, de acordo com o professor, “com a entrada da frente fria existe uma desestratificação, ou seja, equalização das temperaturas em toda a coluna da água”. E isso reflete nas águas da Lagoa da Pampulha.
“A Lagoa da Pampulha apresenta uma elevada carga de entrada de matéria orgânica e de esgotos ainda não tratados. Esse material se acumula no fundo. A mesma coisa que ocorre quando a gente coloca o açúcar no fundo da xícara e mistura com a colher. E a colher é exatamente a modificação térmica da água”, destaca.
O professor ainda explica que isso causa uma mistura das camadas e, que a água muito poluída que está no fundo, chega repentinamente à superfície contribuindo para a mudança de cor, emanação de dores e uma queda muito acentuada no oxigênio dissolvido. “Muitas vezes ocasionando até a mortandade de peixes”, acrescenta.
A engenheira Ana Paula Fernandes, da Secretaria Municipal de Obras e Infraestrutura, explica que hoje o processo de limpeza da Lagoa da Pampulha conta com três ações diretas.
“A primeira é a retirada de material flutuante do espelho da água com a remoção de cinco a dez toneladas de resíduos todos os dias; a segunda é a retirada de lodo e sedimentos do fundo do reservatório com a remoção de cerca de 100 mil m³ de sedimento todos os anos; a terceira ação é o tratamento das águas da Lagoa da Pampulha para a redução dos maus odores e a redução da proliferação de algas que é realizado continuamente”, contou a engenheira.
De acordo com ela, o mau cheiro citado pela população nesta época é proveniente de material de fundo do reservatório, que é “controlado por meio da aplicação de produtos que aceleram a decomposição da matéria orgânica que é feita nas ações de tratamento”.
No próximo dia 5 de novembro, a Copasa e as prefeituras de Belo Horizonte e Contagem devem finalizar plano conjunto para evitar lançamento de córregos da cidade da região Metropolitana na Lagoa da Pampulha
Via: Itatiaia.