A solução para esses problemas passa por um debate sem paixões e focado no interesse público.
No dia 16 foi dado o primeiro passo para o início da CPI da Pampulha, com a eleição do presidente e do relator da investigação parlamentar sobre os contratos de limpeza e manutenção do Patrimônio da Humanidade. Os debates, contudo, começarão de fato em fevereiro, após as festas de fim de ano e o recesso parlamentar.
Além do evidente componente político que existe em toda investigação parlamentar, esta é uma oportunidade de enfrentar um grave e urgente problema, que, infelizmente, se arrasta praticamente desde a criação do espelho d’água da lagoa da Pampulha: o assoreamento e a degradação ambiental.
A cada ano, são retirados do local o equivalente a 100 mil metros cúbicos de sedimentos da lagoa, o suficiente para encher mais de 1.500 caminhões truck. Esse é o resultado do descarte irregular de rejeitos, esgotos domésticos e carreamento de solos desgastados pela retirada de vegetação ou ocupação desordenada.
É um processo danoso que ameaça a existência dessa riqueza arquitetônica e ambiental de Minas Gerais – e, desde 2016, de todo o planeta. Nos últimos 20 anos, mais de 20% da extensão da lagoa foi perdida. E, do volume de água de 18 milhões de metros cúbicos existentes na sua criação, em 1936, hoje resiste pouco mais da metade do total.
Os impactos da degradação da lagoa e a deterioração da bacia que a alimenta e percorre áreas de Belo Horizonte e Contagem são visíveis a qualquer hora do dia por quem percorre a região, mas seus efeitos se tornam ainda mais dramáticos nos momentos de chuva, como as ocorridas nos últimos dias.
Não houve capacidade de escoamento para os mais de 168 mm de chuva, praticamente metade do previsto para todo o mês de dezembro, provocando alagamentos aterrorizantes.
A solução para esses problemas passa por um debate sem paixões e focado no interesse público, mais do que no político, pelos integrantes da CPI da Pampulha. A população merece esse retorno e poder deixar para as futuras gerações um dos mais bonitos patrimônios do planeta intacto e limpo.
Via: https://www.otempo.com.br/opiniao/editorial/garantir-o-futuro-da-lagoa-da-pampulha-1.2783322