Lagoa da Pampulha
Grupo Corpo apresenta “O Corpo” e “Benguelê” em setembro. Temporada anual do Grupo Corpo em BH será realizada de 11 a 15 de setembro,

Grupo Corpo apresenta “O Corpo” e “Benguelê” em setembro

Dois dos balés do Grupo Corpo mais pedidos pelo público estão de volta: “O Corpo” (2000), trilha de Arnaldo Antunes, e “Benguelê” (1998), música de João Bosco. As duas coreografias marcam a temporada anual em Belo Horizonte, que será realizada de 11 a 15 de setembro, no Grande Teatro Cemig Palácio das Artes. As vendas O início da venda dos ingressos será nesta quarta-feira, dia 14 de agosto, ao meio-dia.

O próprio material da iniciativa lembra se tratar de duas obras de estética e ambientação muito diversas, até mesmo antípodas. Ou seja, o urbano e o telúrico, o contemporâneo e o ancestral, o pop e a dança popular. “Benguelê”, por exemplo, é voz de ancestralidades, folguedos populares, da mistura cultural e da força do Brasil afro. Vale dizer que “O Corpo” foi visto na capital mineira pela última vez em 2011, enquanto “Benguelê”, em 2016. Relembre, a seguir, um pouco mais de cada uma das coreografias.

A coreografia "O Corpo" é uma das que foram escolhidas pelo grupo para esta temporada (José Luiz Pederneiras/Divulgação)A coreografia "O Corpo" é uma das que foram escolhidas pelo grupo para esta temporada (José Luiz Pederneiras/Divulgação)

“O Corpo”

Com o palco às escuras, as vozes filtradas puxam o mote: pé/mão/pé/mão. No fundo, piscam luzes vermelhas como as de um painel eletrônico. Os bailarinos do Corpo, de malha preta pontuada por amarrações e volumes, mergulham na batida tecno. Ao mesmo tempo, as palavras (mão/umbigo/braço) vão se tornando mais e mais percussivas, mais som e menos significado. Tambores eletrônicos ressoam, permeados por melodias de várias origens – do funk à música árabe, do baião ao reggae.

Assim começa a primeira criação para a dança do compositor, escritor, poeta e performer Arnaldo Antunes. Ele partiu para uma tradução musical, sonora e semântica do corpo, como organismo e como engrenagem, mecanismo. É o corpo, então, “esse composto de ossos carne sangue órgãos músculos nervos unhas e pelos” que preside a peça de oito movimentos. Ela foi gravada com instrumentos acústicos, elétricos e eletrônicos. Assim, ruídos orgânicos – como grunhidos, gritos e sangue nas veias – fundem-se com guitarras, violões, teclados, baixo, percussão. Tal qual, com as vozes de Arnaldo, Saadet Türkoz e Mônica Salmaso.

Os bailarinos mergulham na batida tecno em "O Corpo" (José Luiz Pederneiras/Divulgação)Os bailarinos mergulham na batida tecno em “O Corpo” (José Luiz Pederneiras/Divulgação)

Neste balé, que, em 2000, celebrou os 25 anos do Corpo, Rodrigo Pederneiras arquitetou movimentos mais secos e vertiginosos. A pulsação – ao mesmo tempo tribal e futurista – incorpora-se nos movimentos, que vão do fetal, intrauterino, ao autômato. O linóleo é vermelho e o cenário virtual, projetado por Paulo Pederneiras, faz a sincronização de luzes vermelhas em diversas saturações. Aliás, muitas vezes acompanhando a trilha e dialogando com graves e agudos. Um quadrado branco delimita, aqui e ali, o espaço cênico.

“Benguelê”

Negro, árabe, indígena. Popular e erudito. Oceânico e desértico. E intenso. A peça musical de João Bosco transita pela miscigenação amorosa do Brasil a partir do jongo eternizado em 1965 por Clementina de Jesus. Estamos falando da canção “Benguelê”, de Pixinguinha e Gastão Vianna, que surge em arranjo à capela. A saudade do chão natal – o banzo – é uma origem possível da palavra batiza o balé. Ou seja, a fusão de Benguela, região situada ao sudoeste de Angola, com o fonema “lê” – em quimbundo, nostalgia, saudade. O sentimento do banzo, melancólico e ao mesmo tempo enérgico, preside a trilha de Bosco.

"Benguelê tem trilha sonora de João Bosco (José Luiz Pederneiras/Divulgação)A coreografia “Benguelê” tem trilha sonora de João Bosco (José Luiz Pederneiras/Divulgação)

A música negra de raiz, produzida pelos descendentes de escravizados no Rio de Janeiro ? é evocada em “Tarantá”, “Carreiro Bebe” e, principalmente, em “Benguelê”. Pixinguinha é citado também com trechos de “1 x 0” (inspiração do choro-goleada) e “Urubu Malandro”. A mistura das influências europeia, oriental, do sertão e da negritude ganhou a roupagem de uma banda de feras. Assim, além do próprio Bosco (violão acústico e vozes), entraram em cena Jacques Morelenbaum (violoncelo), Osvaldinho do Acordeom (acordeom), Proveta (sax e clarineta), Ricardo Silveira (viola de 12 e violão de aço), Nico Assunção (contrabaixo), Robertinho Silva e Armando Marçal (percussão). E, ainda, o tenor Sandro Assunção (uma das vozes de “Travessia”).

“Explosivo”

Tida como a criação mais fincada na referência das danças populares brasileiras até então, a coreografia “Benguelê” é repleta de marcações de pé, de pélvis, de ombro, muita mão no quadril e remelexo de cintura. Movimentos que se desdobram no festivo, no ritualístico, no ancestral, com figuras humanas vergadas pelo tempo e imagens animalizadas. A ocupação do espaço é, na maior parte do tempo, anárquica, frenética. A exceção é no momento da “Travessia”, quando os bailarinos ocupam também uma passarela que divide o palco em dois planos.

A cenografia de Fernando Velloso e Paulo Pederneiras, em tons escuros de breu e grafite, faz contraponto com a mistura final de todas as cores nos figurinos. Neles, Freusa Zechmeister adota o branco como matriz e trabalha com a sobreposição de tecidos. Se nos primeiros três quartos do espetáculo, o rito afro, o jogo de roda, a quadrilha, os cortejos e as danças dos devotos se misturam. O final é pura festa, com a coroação do Rei do Congo explodindo em cores e alegria.

O Grupo Corpo tem patrocínio master do Instituto Cultural Vale e da Cemig, e patrocínio do Itaú Unibanco, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Serviço

“O Corpo” e “Benguelê”

Quando. 11 a 15 de setembro

Onde. Grande Teatro Cemig Palácio das Artes (Av. Afonso Pena, 1.537, Centro)

Quanto.

Plateia I

Central = R$220,00 inteira/ R$110,00 meia
Lateral = R$160,00 inteira/ R$80,00 meia

Plateia II

Central = R$200,00 inteira/ R$100,00 meia
Lateral = R$160,00 inteira/ R$80,00 meia

Plateia Superior
Filas A, B e C = R$100,00 / R$50,00 meia
Filas D, E, F, G, H, I, J = R$40,00 / R$20,00 meia

Onde comprar.

Bilheteria do teatro (de segunda a sábado, das 12h às 21h – domingo, de 17h às 20h) – (31) 3236.7400
Online pelo Eventim

Classificação indicativa: livre
Duração: 1h43 (com intervalo de 20 min.)

Via: Grupo Corpo apresenta “O Corpo” e “Benguelê” em setembro