Cartão postal de Belo Horizonte chegou manchado nesta quinta-feira (21/10) Quem caminha na orla da Lagoa da Pampulha vê duas camadas na água, uma marrom, que lembra lama, e outra esverdeada.
O forte odor de esgoto que caracteriza alguns pontos da represa também está mais intenso.
O consultor ambiental e pesquisador da UFMG Ricardo Coelho explica que o fenômeno é característico do tempo chuvoso e castiga ainda mais o ecossistema da região.
Segundo especialista, a frente fria posicionada nos litorais fluminense e capixaba, responsável pelos temporais que atingiram a Grande BH no início da semana , baixou a temperatura na Pampulha, alterando o equilíbrio térmico do reservatório.
“A Lagoa da Pampulha já é naturalmente composta de duas camadas. Uma densa, muito rica em material orgânico oriundo do esgoto, que fica por baixo, e outra mais fluida, que fica por cima. Com a queda na temperatura, ocorre o que chamamos de isotermia. Ou seja: a temperatura duas fases se iguala e elas se misturam. O esgoto que estava sedimentado no fundo então emerge, formando manchas sobre as águas”, esclarece o ambientalista.
Além do desconforto estético, a isotermia também deixa a orla mais fétida, além de prejudicar a fauna da Pampulha. Coelho explica que a emersão da sujeira reduz a quantidade de oxigênio na água, o que deixa cheiro de esgoto mais evidente.
“A falta de oxigênio também provoca a mortandade de peixes. É muito triste que esse ponto tão importante da cidade não tenha uma gestão ambiental adequada”, lamenta o biólogo.
Via: Estado de Minas